E tudo passou tão de repente que mal senti o vento em meus cabelos se arrastando em sua direção, assim como você, ele só passou bem fugaz, porém com tanta força e vontade que causou uma ventania estrondosa e o pior de todos os estragos. Foi assim o ano inteiro, isso mesmo um ano se passou, um ano que escorreu entre meus dedos feito areia fina, assim como se não pudesse segura-te, só observar-te destruir tudo e sem a menor piedade. Em um ano perdi tudo que havia construído a vida toda, perdi até você que eu acreditei que seria eterno nos meus braços, perdi completamente a noção do ridículo inclusive, buscando a impossibilidade das coisas por mera convicção que daria certo o incerto, o pior que além da incerteza ainda tinha a imensa escuridão que você insistentemente sobrepunha a sua frente, apenas para me impedir de ver-te. Ainda assim, com toda a falta de chão e com pura insensatez, insisti em enfiar minha cara, minha mente, meu corpo e minha alma, num poço de inverdades, apenas sonhos, ou melhor, medos...
Agora, exatamente um ano após o (des)encanto, e com a plena certeza que tudo dessa vez, de verdade, dará certo, posto que saístes definitivamente de meu coração, e foste embora com o fogo que eu mesma pós sobre você, ainda assim insiste em vir a tona, mesmo sem querer, viestes até mim hoje, sabia? Pois é, o que eu havia lhe enviado, volto hoje sem a menor pretensão de evitar meu sofrimento, trazendo de volta seu nome até mim, rasguei, quebrei, joguei no lixo, queimei o resto, e deixe que o mesmo vento que me trouxe você, levasse as cinzas embora pra ti, isso sim, as cinzas é tudo que sobrou do que um dia ousei imbecilmente chamar de amor.